A Dor da Saudade!
Há já pouco mais de 2 anos, que a Teresa e eu trocamos os miúdos a cada semana! Confesso que nunca foi fácil fazê-lo, principalmente quando eles partem, mas de alguma forma tornou-se menos doloroso quando começamos a fazê-lo à Segunda-feira, em vez de o fazermos ao Domingo. Mesmo jantando em casa dela na noite em que os entrego, isso torna as coisas geralmente mais fáceis, do que quando os vejo partir daqui de casa!
Hoje, fizemos excepcionalmente essa troca a um Domingo e, mais uma vez, foi difícil regressar a casa com um aperto no coração e encontrar aquele silêncio quase ensurdecedor de quando eles não estão presentes...
Não me interpretem mal, também existem aspectos positivos em ser pai e voltar a ter tempo para mim, como não ter que estar sempre atento e presente para cuidar deles e resolver as suas necessidades, poder fazer coisas de que gosto e que antes não dedicava tempo, ou simplesmente saborear o sossego e silêncio, que agora são algo perturbadores! Apesar disso, não recomendo a ninguém a mono-parentalidade, mas deixarei este tópico para um outro post...
É curioso e surpreendente perceber como este processo é revelador! A verdade é que nunca desejei ser pai, mas desde que o sou, não desejaria voltar a trás e não o ser... Não é apenas o facto de gerarmos um Ser que depende muito de nós inicialmente e que nos faz olhar para além de nós próprios, dos nossos interesses e do nosso ego limitado (apesar de "só" isso ter sido um factor fundamental para eu mudar radicalmente a forma como vejo e vivo a Vida). Há também muitas trocas de experiências, de olhares, de toques, de sorrisos, de silêncios que não têm preço e que não tenho a experiência de as viver em outras interações...
Costuma-se dizer que a matemática de uma relação não é linear, ou seja, 1+1 não é igual a 2! Acho que diria que o resultado será mais próximo do Infinito, pois na verdade, Tudo Pode Acontecer, quando nos rendemos a nós próprios e ao Amor...
Acredito que nem eu, nem nenhum de nós, precisa de nenhum outro para sermos completos, para termos um propósito, ou para nos sentirmos verdadeiramente realizados! No entanto, é a presença e interação com o outro que nos permite viver as experiências. E também sei o quão fácil é as tomarmos como garantidas e não saborearmos o seu real valor. Vivi uma grande parte da minha vida assim e muitas vezes ainda caio nesse hábito de dormência e mera repetição. Mas neste caso, o facto de apenas estar com os meus filhos a cada 2 semanas, tem-me ensinado a cada vez lhes dar ainda mais valor, bem como às outras experiências e bençãos da Vida...
Tenho plena consciência que, nos dias de hoje, são cada vez mais os casos de pais divorciados e que muitas vezes as crianças estão sujeitas a realidades muito díspares nos diferentes lares que vão alternando! Felizmente que a Teresa e eu continuamos a dar prioridade ao bem estar dos nossos filhos, a todos os níveis, mantendo uma comunicação e presença atentas, respeitosas e com amor. E acreditem, que isso faz toda a diferença, pois só assim podemos contribuir para criar seres humanos mais conscientes, maduros e resilientes...
No momento em que escrevo estas linhas, permanecem os sons das galinhas e dos pássaros! Tem assim início mais uma semana sem miúdos, que farei por viver plenamente com presença, propósito e gratidão...
Abraço e obrigado por me escutarem 😊