Divórcio sem separação, é possível?
Faz agora 2 anos, estava a viver um dos períodos mais difíceis da minha vida! A Teresa estava a sair de casa, mudando-se provisoriamente para casa dos nossos queridos amigos Ariana e Benjamin, aqui na aldeia de Esculca, para conseguir ter alguma distância e silêncio no nosso relacionamento, de forma a perceber com maior clareza se ainda queria continuar casada comigo ou não. Nessa altura, começamos também a alternar as semanas com os miúdos e uma nova vida começava já a tornar-se uma realidade...
Como é possível que uma família que muitas vezes serviu de exemplo para outras, se esteja a desmembrar? Como é possível depois de tudo o que vivemos juntos, de tantos desafios superados, tantos sacrifícios vividos sem nunca desistir, e também de muitas alegrias e momentos de felicidade e cumplicidade, apesar de estes serem cada vez mais raros nos últimos anos? Será mesmo este o melhor caminho, quando ainda há tanto amor entre nós?
Estas não são perguntas fáceis de fazermos a nós próprios e ao outro, e tenho a certeza que muitos são os casais que cada vez mais as fazem, mas sem dúvida que são perguntas essenciais a fazer, especialmente quando uma, ou ambas as partes, sentem que há algo mais a ser vivido...
Dois dos valores mais importantes no nosso processo de divórcio, foram sem dúvida a Gratidão e o Respeito! Um pelo outro, pelas nossas crianças, mas acima de tudo, por nós próprios! Foi isso que levou a Teresa a tomar a decisão de pedir a separação e foi também o que no mesmo instante me levou a aceitá-la, mesmo que na altura não fosse o meu desejo...
E é óbvio que este processo não é fácil, nem necessariamente rápido! Afinal de contas, houve um reconhecimento profundo entre nós quando nos conhecemos, e vivemos e crescemos muito juntos. Mas quando nos entregamos a sentir verdadeiramente o que está vivo em nós, a aceitação do inevitável vem muito mais facilmente! E não se enganem ao pensar que tudo foi suave e tranquilo! Ambos passamos por momentos muito difíceis, ambos precisamos de tempo para estarmos mais afastados um do outro e de vários meses para nos adaptarmos a esta nova realidade. Mas o tempo tudo cura...
Por vezes, ainda nos vemos a cair nos mesmos hábitos ao responder ou agir com o outro, mas nunca voltamos as costas ao outro e, sempre que necessário, também fazemos um esforço por nos mantermos em União, Gratidão e Respeito, pois no final o que conta é o que expressamos, independentemente do que possamos estar a sentir em cada momento!
Hoje, a Teresa e eu continuamos a honrar o amor que nos uniu, a trabalhar em equipa ao cuidar da melhor forma que sabemos dos interesses e do bem estar nos nossos filhos e a apoiar o melhor um no outro! E digo-vos com muita honestidade, nenhum de nós aceita menos do que isso e acreditem que isto faz toda a diferença, em qualquer tipo de relacionamento...
Ao mesmo tempo, os nossos filhos não só aceitaram a realidade da nova configuração familiar, como também aceitaram os nossos novos companheiros e receberam de braços abertos as suas famílias. O que isto nos mostra é que tudo é possível, quando temos a coragem de parar para questionar, sentir o que é verdadeiro, curar o que ainda dói e amar com todo o nosso Ser!
Tudo na Vida acontece por ciclos! Tudo o que começa, um dia também acaba, ou se estivermos receptivos e em amor, transforma-se e ganha nova Vida... Por isso sempre que estivermos a viver um período difícil, que estivermos desanimados e sem Esperança, é importante perguntarmo-nos: O que é verdadeiramente importante para mim? E o que estou disposto a fazer para mudar a minha relação com o que sinto?
Por isso termino este post a agradecer à Teresa, aos nossos filhos, aos nossos pais, irmãos, amig@s e companheiros! O vosso amor, amizade e presença faz toda a diferença e torna a Vida mais bonita de ser vivida 🙏🏼