Um triste silêncio...

Hoje é um dia muito triste e silencioso no nosso vale em Esculca...

Quando de manhã saí de casa com a Clara, para levar comida às nossas galinhas, rapidamente percebi que algo estava diferente. Havia muito silêncio e nenhum movimento, à medida que nos aproximávamos do galinheiro. Quando estava suficientemente próximo, era já possível observar muitas penas no chão e os seus corpos caídos foram-se tornando mais evidentes. 

Quando finalmente me apercebi do que tinha acontecido, ainda pensei duas vezes se queria levar a Clara comigo, ou não. Mas logo senti a resposta de que a morte também faz parte da Vida, aliás sem morte não seria possível existir Vida, por isso porquê a nossa tendência para a esconder? Claro que ela ainda é pequena e não consegue perceber as coisas da mesma forma que nós, mas espero que este triste momento lhe traga também importantes lições para a Vida.

A Natureza às vezes parece-nos tão fria e implacável. Especialmente num momento como este! Não sei que animal as matou, mas apenas lhes sugou o seu sangue. "A sorte de uns é o azar de outros", e neste caso que nos toca tanto, enquanto uns animais perdem a sua vida, outros conseguem manter a sua sobrevivência.

Por isso hoje estamos muito tristes, pois as nossas "meninas" não vão andar mais livremente pelo terreno, fazendo-nos companhia, proporcionando-nos bom alimento e contribuindo para os importantes ciclos da Natureza. De certa forma, sempre fizeram parte da família e por isso sentimos este aperto no coração. Uma coisa é certa, tiveram uma vida curta, mas foi uma vida livre e feliz. E no final o que será mais importante? Viver uma vida longa aprisionada, ou uma vida curta mas livre e plena?

Uma das coisas que mais me tocou, foi o facto de termos partilhado estes tristes momentos em família. De termos ido juntos ao galinheiro, de as termos enterrado em família (mesmo em frente à nossa cozinha, num dos seus locais preferidos e de lá plantarmos uma roseira) e de termos expressado todos as nossas emoções, nestes momentos tão tristes.

Esta é sem dúvida uma das qualidades que mais aprecio na nossa família, o facto de vivermos juntos os momentos mais importantes, de nos apoiarmos e estarmos presentes uns para os outros quando é verdadeiramente importante.

Sentimo-nos muito abençoados por termos tido a vossa companhia "Golden", "Clara", "Maria" e "Arco-íris" (ausente nesta foto) durante um ano (cada uma com a sua personalidade), pela excelente qualidade dos ovos que nos proporcionaram todos os dias (os melhores que alguma vez comi) e pela vossa presença, que tanta vida e alegria trouxe à nossa horta.

Descansem em paz "meninas"...

Ricardo