Uma nova revolução!
Em 1974, o ano da revolução de 25 de Abril, eu ainda não era nascido, por isso não sei como foi viver nos tempos da ditadura, do medo e da opressão. É muito fácil para alguém que sempre viveu numa sociedade livre, assumir que essa liberdade é algo garantido, ou seja, que nunca mais poderá ser retirada de nós. Mas será essa assunção real? E será mesmo que vivemos uma vida verdadeiramente livre?
Desde que há uns anos comecei a questionar a forma como vivia a vida e fazia as minhas escolhas (trabalho, alimentação, residência, estilo de vida, etc.) e que encontrei o Projecto Vida Desperta, cada vez mais tenho percebido que a maior limitação à liberdade não nos é imposta exteriormente, por pessoas, governos ou organizações. A maior limitação à verdadeira liberdade é imposta, fundamentalmente, pela nossa mente, pelas nossas ideias, pela repetição (muitas vezes inconsciente) dos nossos hábitos culturais e familiares e pelo facto de acreditarmos que não somos mais do que o nosso corpo, mente e "história de vida". É isso que nos leva, fundamentalmente, a ter medo do desconhecido, e em última instância, da própria morte. Temos tanto medo do que não conhecemos, e a maioria de nós deposita tanta confiança nas autoridades (sejam elas da comunidade médica, governamental, etc.), que raramente paramos para reflectir e questionar o que realmente se passa, o que é fundamentalmente verdadeiro e para onde caminhamos, individualmente e enquanto sociedade.
Confesso que tenho sentido bastante receio nas últimas semanas, não apenas ao ouvir as recomendações mundiais e nacionais como resposta a esta "suposta pandemia gravíssima", mas principalmente ao perceber como uma grande parte da comunidade, deposita as suas esperanças numa vacina para se voltar a sentir segura. Isso a mim revela uma confiança cega no estado, em determinadas organizações e nas suas recomendações, principalmente alimentada pelo medo, o que me deixa bastante assustado. Particularmente quando já se vê uma forte censura de algumas pessoas, canais e informações que vão contra o que tem vindo a ser partilhado nos principais meios de comunicação. Então, mas afinal somos livres de manifestar a nossa perspectiva e opinião, ou não? E não será importante estarem todos bem informados, de forma a poderem fazer escolhas reflectidas e conscientes, em vez de ficarmos à espera que alguém nos diga tudo o que podemos ou não fazer?
Pensamos que só porque crescemos e já somos "adultos", que já sabemos o que significa assumirmos total responsabilidade pelas nossas escolhas e decisões, mas falhamos em ver que continuamos a agir com um incrível nível de imaturidade, vitimização e dependência. Será que não percebemos que estamos a abdicar da tão valiosa liberdade que a geração anterior à nossa tão arduamente conquistou? Quase ninguém confia nos governantes, (ou será que sou só eu?), mas ao primeiro sinal de medo todos nos retraímos e obedecemos cegamente, que nem um rebanho de carneirinhos mansos! E atenção que com estas palavras não estou a apelar a uma revolta anárquica e inconsequente, apenas procuro incitar algum espírito crítico, um maior sentido de responsabilidade individual e colectivo pela nossa saúde, pela educação d@s noss@s filh@s e pela liberdade de expressão, particularmente quando essa expressão vai contra o estabelecido pelas chamadas "autoridades competentes".
J. Krishnamurti, afirmou muitas vezes nas suas conversas, que somos uma sociedade tão evoluída tecnologicamente, capaz de incríveis desenvolvimentos, mas somos ainda tão imaturos emocionalmente e psicologicamente. E particularmente nós os portugueses, temos ainda tanto medo de fazer ondas, de confrontar, de dizer com confiança quais são as injustiças que vemos. De que temos medo? Porque nos limitamos a criticar à distância, sem realmente sermos ouvidos, ou nas costas um dos outros?
Estamos "fechados" em casa há mais de um mês, obedecendo sem verdadeiramente questionar se este vírus é tão mortal quanto se pensava no início, e especialmente agora que cada vez mais surgem evidências do contrário. Mas não esperem por ouvir estas notícias na televisão ou nos jornais, para descobrir a verdade é preciso procurar mais profundamente do que apenas as aparências. Não se deixem hipnotizar pelas imagens reflectidas num simples fogo, como na "alegoria da caverna de Platão", mas ousem descobrir o que é verdadeiro, iluminado pelo Sol, bem como a Luz que brilha dentro de cada um de nós...
Precisamos urgentemente de uma nova Revolução, ao nível da sociedade, mas também em cada indivíduo! Não acredito numa luta violenta contra a opressão e o controlo baseados no medo, mas tal como aconteceu em 1974, de uma pacifica, mas firme declaração, da nossa autonomia e liberdade. Está na hora de crescer, de perceber que a humanidade somos todos e cada um de nós, de compreender as consequências das nossas escolhas (principalmente as do nosso silêncio) e de assumirmos as rédeas do nosso destino. Se não o fizermos, a nossa liberdade, bem como a d@s noss@s filh@s, poderá em breve ficar comprometida...
Se sentes ou percebes que algo não está bem, dá voz a esse impulso, expressa-o de todas as formas que conseguires. Certamente não estarás sozinh@ e rapidamente encontrarás mais pessoas que sentem e vêem como tu. Liberta-te das tuas ideias e limitações e re-encontra a verdadeira liberdade que nunca foi comprometida. Nunca subestimes o que um pequeno grupo de pessoas determinadas consegue alcançar, e não fiques à espera que a história da Humanidade seja escrita pelos outros, junta a tua à minha voz e "Sê a mudança que queres ver no Mundo!"
Tenho confiança que o Amor e a Verdade irão sempre prevalecer, por mais sombria que nos possa parecer a realidade, pois essa é a nossa verdadeira natureza, mas para isso precisamos agir, agora!
Ricardo
P.S. Se este texto ressoa contigo, estou curioso por ouvir as tuas sugestões e partilhas e disponível para quaisquer esclarecimentos, diálogos e explorarmos juntos o que fazer a seguir.